Refletindo Simpatia - por Cândida Monte

No dia 28/05, ao final de nossa mostra do processo - SIMPATIA FULL TIME EM AÇÃO - Henrique Saidel (Companhia Silenciosa - Curitiba/PR) nos lança as seguintes perguntas (lição de casa):
1: Depois de tudo isso, se vocês se sentem mais simpáticas, menos simpáticas, ou na mesma?"
2: É full time, simpatia é full time, ou o que seria full time nesse projeto?
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A partir dessas questões comecei a refletir sobre SIMPATIA, e me perguntei se é algo que define uma qualidade de si para o meio, ou seria o reflexo do outro para si? Ser simpatico é ser o que? Gentil? Agradável? Sorridente? A Simpatia é uma resposta do outro para si, é uma espécie de movimento de identificação e aceitação.
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MICHAELIS - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa:Simpatia -?sim.pa.ti.a?sf (gr sympátheia)
1 Afinidade ou correspondência entre dois ou mais corpos, pelas propriedades que os aproximam.
2 Atração entre duas pessoas, pela analogia ou conformidade de propensões e sentimentos que as caracterizam.
3 Tendência natural de uma pessoa para com outra.
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A partir do meu primeiro texto, postado juntamente com as imagens do meu experimento simpático, coloco que o corpo-ficção = imagem sócio-cultural, e neste caso, arrisco em dizer que SIMPATIA = ATITUDE PRÓ-SOCIO-CULTURAL. Max Scheler descreve que a simpatia propriamente dita se dá quando duas ou mais pessoas compartilham uma mesma percepção em qualidade e quantidade idênticas, sem que diminua o grau de consciência dos sujeitos. Poderia então, ao meu entender, dizer que essa tal aceitação a qual me refiro estaria ligada diretamente ao que chamo no decorrer desse processo de “amarras sociais”, ou melhor dizendo, convenções sociais - partindo do princípio de que aceito que a relação de simpatia é pensada na perspectiva de que a organização cultural dita os processos de identificação, e constrói subjetividades. Sendo assim coloco que meu processo simpático se dá na identificação do meu corpo com o outro (outro corpo ou meu corpo imaginário), ou na busca dessa identificação. Abordo essas questões sem a intenção de fechar na superficialidade das aparências (por mais que a priori os meus relatos possam ter um foco específico para isso) mas sim a de encarar os processos de identificação, de desejo e de reconhecimento. Minha resposta para a primeira pergunta seria que hoje, me sinto menos simpática na medida em que percebo o não reconhecimento do meu próprio corpo (com relação ao do meu imaginário) e disso surge a enorme vontade da criação de um novo corpo, que se identifique com do meu imaginário. Ser simpática nesse contexto, gera um movimento para que o outro sinta-se identificado, aceito ou reconhecido, através códigos sócio-culturais em comum. Nesse ponto da minha reflexão, enfatizo a minha busca pelo pertencimento, questão que associada ao meu corpo (real (?) e imaginário), me levaram a obra de Fernanda Magalhães. Questões essas que também norteiam algumas movimentos por mim discutidos e trabalhados até então fora (?) do processo Simpatia. Reflito e paradoxalmente crio um link para responder a outra pergunta: não há um “fora do Simpatia”, o processo sim é full time.

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